Sunday, July 15, 2007

Palavras reluzentes

Voltei a escrever. Transpiro inspiração. Brilham-me as palavras ao redor. Chamam por mim intensamente. Comungamos do sentimento uno, puro e indescritível da expressão, do dizer e do marcar o que tantas vezes é comodamente esquecido, num mercado negro de conveniências.
Vive-se num mercado negro de sentimentos, é um quem dá mais interessado e desinteressante, desleixado e mesquinho. É um comprar o que deverá agradar à vista alheia e um importar do que momentânea e materialisticamente encanta.
Valores mais altos [já não] se alevantam porque no "mercado negro" da vida já nem há valores, há estereótipos desgastados, moldes roçados, degradados....
Os que ainda acreditam desacreditam-se pelo que deles dão e desatinam pelo que nunca alcançam, insistem num "nada que é tudo" e colhem das pedras as sementes que para lá o vento levou, numa comiserada paciência extenuada.
Não evito o mercado negro. Vejo como se circula nele, escorro-lhe nas entrelinhas e já visitei o abismo.
Simplesmente acredito no reverso...

Eu nunca gostei de cantar

Ergue-se a minha tímida voz do túmulo que queria esquecido e canto... Sabias que eu nunca gostei de cantar?
Dos céus do encanto bebo o mundo, as estrelas e embriago-me em ti. E nesta embriaguez de sentidos e de pensamentos, encontro-me a sós contigo, naquele sigilo delicioso e tão nosso... é a tua voz que ecoa, melodia de uma comunhão com o que vida tem de mais belo.
É a vida no sonho. É a jangada para o nirvana. E depois, sentindo o aguilhão da "dor que desatina sem doer", deparo-me com a nudez do sentimento que canto ... e mais do que cantar para ti... canto-te a ti