Sunday, November 23, 2008

Não sei o que busco, porque nem eu própria sei quem sou...
Passeio-me por ruelas conhecidas e descubro sempre algo de novo, que já lá estava há imenso tempo mas que, quem sabe por mero acaso, me revelou um qualquer novo encanto... E depois há este imenso receio ansioso, aquela vontade de tudo abraçar, porque o ter o mundo num abraço ainda me parece concretizável. Quão ingénua e idealista!
Corro sem sair do mesmo lugar e ufff que cansaço ao fim de cada dia! Uma sala fechada, milhares de vozes que ecoam, prioridades que competem entre si na minha batalha naval interior e, no fundo, parece que me embriago com o cansaço para esquecer os meus sonhos e atenuar a densidade de cada uma das minhas lutas... Deixei de sonhar com o amanhã, ele desperta sozinho, por vezes mais encantado, outras vezes mais desesperado... não, não perdi os sonhos, quais hélices do ser humano; simplesmente aprendi a viver com a impossibilidade de concretização de muitos dos meus. Porque o dia não tenho 50 horas, porque a juventude é uma bênção com os dias contados (e não me venham dizer que é psicológico... se não as mulheres poderiam ter o primeiro filho aos sessenta anos e ainda iam todas a tempo), porque o mundo é selvático e nem sempre podemos agradar às pessoas que amamos... Acho que a vida é uma sequência de cruzamentos, de escolhas e de lotarias... dizemos que a pautamos por sentimentos, mas ritmamo-la por egoísmos carismáticos. Estabelecemos prioridades que traímos e ferimos confianças que criámos. E apesar de tudo isto conseguimos ser seres humanos maravilhosos, derreter corações e inventar beijos com sabor a chocolate quente numa tarde de Inverno bem chuvosa...
Como poderei eu conseguir delinear-me quando todos nós andamos num labirinto sem rota nem bússola?

Saturday, July 19, 2008

Memórias: honorários de nós mesmos

Mais uns meses, mais umas semanas, uns dias... e poderia continuar até onde a gradação mo permitisse. Mas acho que simplesmente não me apetece. Se pudéssemos escolher a vida que levamos, que desenho faríamos? Como arquitectaríamos? Pintá-la-íamos?
Remexo nestas incómodas gavetas que, nem sei bem porquê, permanecem comigo e em mim, e não encontro a resposta. Talvez não coexista, porque incompatível, comigo. Ouço as tecedeiras de críticas ríspidas e agrestes e deixo pairar as conselheiras pacíficas e optimistas.
No entanto, tudo não passa de literatura cor-de-rosa mal passada a papel vegetal para cada vida. Lembro-me sempre da Penélope tecedeira e da robustez dessas estantes de memórias... Quem de nós? Hoje, mais clarividente do que nunca, as memórias são as telas de nós mesmos, ora rabiscos, ora verdadeiras Nascimento de Vénus, mas tantas vezes infelizes e comprometidos honorários...

Sunday, April 20, 2008

Ausência

Tirei férias de mim mesma, ausentei-me, abandonei a minha casca... e ainda não voltei. Nos meandros da fuga, deparei-me com um oásis e corri mas a miragem dissipou-se. Deixou-me somente um pedaço de papel e uma caneta muito usada. Entre o nada e o muito pouco, fui optando pelo menos evidente até que, estarrecida, cancelei a escolha. E escrevo estas míseras linhas.
Poucos escrevem sobre o silêncio ou sobre a imperatriz solidão. Mais foi o que aconteceu ao "outras aragens", tendo ficado votado ao domínio dessa temível imperatriz.
Quando reencontrar o meu casulo, retroceder a mim mesma e aos meus, darei voz a essa imperatriz ou calá-la-ei para sempre!