Friday, May 11, 2007

como se fosse

Sugo cada compasso da vida como se fosse o penúltimo, respiro como se amanhã só pudesse respirar poucas mais vezes. Como é bom ter tempo para sentir a primavera florir, o roçar das flores na liberdade airosa de pétalas alheias. Já não faltas, porque nunca estiveste. Já não me lembro do roçar das rendas, nem do calvário das esperas nem daquelas noites ao relento lacrimejante na expectativa de um qualquer, mesmo escasso, sinal de fumo Já nem lembro se amavas ou se tudo não passou de uma mera casualidade circunstancial... Défices de memória à parte, prefiro sentir o que é meu, o que não é, o que possa vir a ser, o que nunca o será... porque "pensar é estar doente dos olhos" e amar é uma simulação constante de acidente...

2 comments:

LA said...

Sendo agradavel ter tempo para sentir o despertar da Primavera, podemos constar que a Primavera que floresce não é a nossa, mas antes uma idilica, e que não nos pertence. Então, e ai, o tempo vai ser demasiado, porque vemos algo que sabemos que nunca será nosso, que as flores são da primavera, e portanto, inatingiveis.
E sim, amei, mas desde então, tem sido sempre meras casualidades. Dai o amor ser especial, porque por ele já passei, dai distinguindo, conscientemente, o que são meras vitimas das circunstancias.
E falando de acidentes, haverá acidente mais belo que o do amor? Acidente que maior felicidade traga, e onde, muitas vezes os "acidentes" são fonte de felicidade, quando na altura certa?

Anonymous said...

O poder libertador da Primavera, e os seus pólenes que atiçam as hormonas. Como conciliar a liberdade com os desejos secretos que agrilhoamos à nossa pele, que perpetuamos nos odores?

Gosto de vir aqui ler as tuas palavras ponderadas... pena é eu não querer saber de ponderação alguma, e depois cair na mesma ladainha de sempre. Beijinhos Mary