Há uma palavra, só uma, arredia, indecisa, malfeitora. Deixa-nos sempre na incerteza, oculta-nos milagres e transparece sonhos nublados. Apetece-me detestá-la, mas não posso, por constar do meu vocabulário diário e, pior, do daqueles que me rodeiam. Ela está em todo o lado, nos cigarros pendurados em lábios azulados, nas bocas desdentadas, nas bocas amareladas e até naqueles cérebros de ranhoca esverdeada onde o pensamento é estancado pela ardente corrupção e pela vontade de não o ter. Não se associa ao amanhã e muito menos é eleitora do ontem, mas estende-se a todas as urnas, embacia todas as rosas dos ventos e avaria todas as bússolas.
Como é que nós ainda nos deixamos empregá-la? Como somos descuidados, na desgarrada vocabular! Talvez nem seja de propósito ou até nunca tenhamos pensado nisso...
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
Talvez, porque certezas, leva-as o vento, e a experiencia ao longo dos anos acumulada...
Post a Comment