Sunday, December 16, 2007

Sede

Sinto falta da escrita, de quando as palavras me iluminam os passos e a água de cada dia me acorda para um futuro inconstante. Interrogo as incongruências de que sou fiel depositária e nada... ora um coração vadio, ora uma razão turva... e nada outra vez e outra vez. A esperança é a minha bandeira, que continua a vibrar com o hino que o meu coração canta.
Também não deixarei de cantar, seja com às cavalitas do Pessoa ou nas entrelinhas de E. Andrade.
A sucessão de cada dia rumando ao indefinido, que tanto me atormenta, incomoda-me em demasia. O sucesso e o fracasso fecundam uma essência de todo irreconhecível. A necessidade de uma razão plausível para este grandiloquente nada aniquila cada lasca de racionalidade que ainda me sobra. Preciso de encontrar a linha ténue entre o nada e o tudo, preciso de aniquilar essa fronteira...e depois recordar cada palavra como parte de mim que é...e rasgar as nesgas de inutilidades que me poluem...

2 comments:

LA said...

Incongruências, todos as temos. Nem tudo faz sentido nas nossas vidas, mas será que tudo precisa de fazer? O racional em mim procura o sentido de todas as coisas, melhor, os sentidos, pois todas as palavras tem os seus múltiplos sentidos, esse mesmo racional que os costuma pesar, e matutar, e por vezes errar, e admitir que errou. Mas esse mesmo eu racional partilha a existência com o eu sonhador. E quantos sonhos por vezes ficam esquecidos, encobertos pela necessidade do "real", do "racional". E quantas vezes esta mesma realidade faz com que nos esqueçamos de sonhar?
Passei (estou?) por lá. Também já concretizei sonhos antigos. Sonhei, cedi à realidade. Sonho, concretizo (concretizarei? futuro é sempre incerto...).
Mas ainda assim, sei que existem sonhos. E existem tempos. E existindo vontades, porque não a capacidade de vencer essas inutilidades, e realizar os sonhos?

LG said...

Sobre as palavras, algo que conheces

“Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.”

Sei que as tuas não são já verdes
Sei do teu canto belo… repleto de melodia…

Hoje são os dias que nos descobrem (- és tu que estás ai!)