Thursday, April 1, 2010

Música

Foi contigo. Em V. Lembras-te? Andava como quem cantava. Dançava ao som do amor. E bastava um sorriso teu para o mundo caber na minha mão. Achava que conseguia tudo. Correr no meio na neve. Chorar lágrimas de amor. Assistir a um concerto sem chorar. Colar-me ao vidro de um eléctrico sem ter frio. Adormecer a sorrir. Acordar nos teus braços. Imaginei-me a Sissi, a quem me comparaste... estrelas no meu denso cabelo longo, diamantes... sem qualquer valor quando comparados com o brilho do teu olhar. Nunca cheguei a ponderar o quão profunda fora a comparação, o quão trágica pudesse ser... Abracei o pinóquio, comi apfelstrudel... mas nada se comparava à tua companhia. Porque era por ti que tudo era possível. Incomparável, insubstituível. Até que fui dar o meu concerto. Maestro. Dezenas de músicos tocavam ao meu ritmo. Não ao teu. Estavas imóvel. Foi quando percebi que tudo era assim não porque tu estavas lá, mas porque eu estava... E os sentimentos não eram concessões de quotas da tua generosidade, mas uma graça do ser humano. De qualquer um. Como todos os outros.

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